segunda-feira, 24 de outubro de 2016
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
História Arquivada - Julgamento: Yorick
Candidato: Yorick
Data: 17 de Junho, 21 CLE
OBSERVAÇÃO
Yorick encontra a entrada da montanha após buscar incansavelmente. Ele aprendeu sobre a Liga em fragmentos; a natureza incomum das mortes nos Campos da Justiça o intriga. Ele não tem interesse em jogos ou política, mas um impulso egoísta o compele.
Ele é corcunda, sua estrutura feita para seu propósito, forte. Ele se agarra a uma pá sempre – é isso o que o mantém neste mundo. Ele é ao mesmo tempo aterrorizante e patético, um cadáver envelhecido que não pode descansar. Ele perambula até o espaço designado para seu Julgamento, portas de pedra na beira da montanha. A escuridão o envolve enquanto ele adentra. A cor lhe cai bem.
REFLEXÃO
A escuridão não incomodava a Yorick. Ele passara a maior parte de sua vida na escuridão e, mais significativamente, muitas vidas além.
Uma vida... hmpf. Peles-quente têm escopos tão restritos.
Yorick mal podia se lembrar de seus primeiros anos na Ilha das Sombras, contando diligentemente os dias que passavam, depois meses, depois anos. Quando as paredes internas de sua caverna nada mais eram que uma enxurrada de linhas tortas, ele parou. Contar os dias em morte fazia tanto sentido quanto contar a respiração em vida. Ele brevemente se perguntou quantas vidas teria contado – outro exercício absolutamente inútil.
O chiar de grilos penetrou seus pensamentos. Era o tipo de som que gentilmente emoldurava a contemplação profunda, mas se tornava loucura penetrante se focado; mais vida temendo por sua hora, buscando propósito, como chamas dançando em suas brasas.
O cheiro do solo úmido o saudou como um velho amigo, se esparramando em torno dele. Yorick avaliou seus arredores.
Ele estava entre fileiras de lápides que se estendiam em todas as direções, aparentemente sem fim. Havia uma quietude plena no ar que caracterizava os lugares em que vida e morte se encontram. Era uma qualidade que permeava cada centímetro da Ilha das Sombras, mesmo a vida tendo há muito abandonado seu litoral. Certa vez Yorick refletira que esses jardins de morte fresca eram nós na garganta da existência, rançosos com inquietação enquanto contemplavam seus cruzamentos.
Agora ele simplesmente se perguntava o porquê de haver um cadáver aqui.
O corpo estava colocado em um vagão ao lado de uma lápide nova, mas ainda sem nome. Corpos não o incomodavam – pelo contrário. A possibilidade de conduzir almas pelos muitos degraus da morte era uma das poucas emoções consentidas a um coveiro da Ilha das Sombras. Ao invés disso, era o fato de que corpos mortos (não confunda com corpos mortos-vivos) raramente se apresentavam de forma tão conveniente para o enterro.
Houve um tempo em que Yorick questionaria isso, quando tentaria identificar o cadáver, falar com sua família, assegurar que seu nome e alguma frase pertinente seriam gravados na lápide. Agora ele simplesmente enfiou sua pá no solo, feliz em não mais lidar com o fantasma da curiosidade.
Com cada punhado de terra cavado, Yorick tinha uma sensação crescente de remorso. De certas formas, estava enfeitiçado por ela. Emoções eram a bebida dos vivos. Conforme alguém cruza o terceiro ou quarto século da morte-vida, a lembrança das emoções se torna tão apagada que se pergunta o porquê de tentar lembrar dela. É aí que a desconexão entre os peles-quente e os mortos-vivos acontece. Um coveiro tem horários a manter e os peles-quente são tão delirantemente apegados a suas vidas, mesmo com décadas de preparação para o inevitável. É, afinal, o inevitável.
Yorick tentara chegar a um acordo uma ou duas vezes, enterrando as pessoas vivas para que pudessem saborear suas preciosas vidas até o último instante, mas isso geralmente lhe dava o dobro da dor de cabeça e ninguém nunca apreciava seus esforços.
Ao terminar de abrir a cova, a mente de Yorick se encheu de antecipação sombria. Por motivos que não podia compreender, este enterro significava alguma coisa. Ele simultaneamente desejava que pudesse durar para sempre, e que terminasse logo de uma vez.
Esse último parecia mais prático. Ele lançou o corpo na cova sem cerimônias, depois desceu para cruzar novamente os braços e arrumá-lo com algum semblante de dignidade. Havia algo horripilantemente familiar nele. Todos os rostos que enterrara – os inúmeros rostos – se misturavam a essa altura, por que este era diferente?
Ele escalou para fora do buraco e olhou para baixo uma última vez. Ele não se perguntava sobre a vida de um de seus encargos havia séculos, mas não podia evitar uma sensação de propósito não cumprido radiando deste. No momento em que estava prestes a colocar a terra de volta sobre a cova, ele escorregou. A pá caiu espiralando para dentro do buraco.
Yorick não tinha largado sua pá... nunca. Em pânico, ele foi atrás dela, mas escorregou novamente. O monte de terra ao lado da cova começou a deslizar sozinho, uma avalanche sem provocação. Yorick freneticamente tentou impedi-la, mas ela fluiu por ele sem dificuldades. Ele olhou para baixo e finalmente ele compreendeu.
A pá estava exatamente em cima do corpo, agarrada por seus braços cruzados. O rosto – o rosto que ele deveria ter reconhecido – era o dele mesmo. Era o rosto da inocência, esperança, tristeza. Era um rosto tão no início de sua jornada, já convencido de que vira o fim.
E Yorick sequer o tinha reconhecido.
O solo caía em uma enxurrada agora, cobrindo completamente o corpo, e sumindo com os últimos resquícios de seu rosto. Yorick mergulhou no buraco e começou a rasgar freneticamente a terra. O movimento era estranho; ele estava completamente perdido sem sua pá.
Quando o último grão de solo parou, Yorick estava soterrado até os cotovelos.
Ele não se lembrava de ter sentido nada – muito menos tristeza incessante – de forma tão intensa.
“Por que você quer entrar para a Liga, Yorick?”
Ele olhou para cima. Um homem de robe ali estava, um tipo de mago. O rosto estava coberto.
“Quem é você?” Perguntou Yorick.
“Sou empregado pela Liga das Lendas, é só o que precisa saber.”
“Não me importo com sua Liga agora. Só quero aquele corpo.”
“O corpo não é real. Foi forjado de sua memória. Uma miragem. Normalmente, eu estaria aqui vestindo o rosto de alguém que você conheceu, mas parece que você se esqueceu de todos.”
Yorick pensou nisso. Só podia ser verdade.
“Por que você quer entrar para a Liga?” O homem insistiu.
“Quero fazer... outra coisa. Quero lembrar... e ser lembrado.” Yorick sentiu como se algo guiasse sua língua. Havia água em seu rosto.
O que é isso? O que está acontecendo?
“Podemos lhe dar essa oportunidade, Yorick, mas precisamos saber de algumas coisas sobre você.” A voz nunca hesitou.
“Sobre o quê?”
“Sobre de onde veio.”
“Não lembro.”
“Não onde nasceu. Falo da Ilha das Sombras.” Yorick deixou que as palavras ficassem no ar.
“Tudo bem.”
“Como se sente, expondo sua mente?”
O homem se foi antes que Yorick pudesse responder. Yorick se sentiu verdadeiramente sozinho, porém, em algum lugar à margem de sua consciência, empolgado. Esta Liga das Lendas em breve sentiria o gosto da sedução da morte.
História Arquivada - Julgamento: Xerath
Candidato: Xerath
Data: 4 de Outubro, 21 CLE
OBSERVAÇÃO
Fora a forma vagamente humana no interior dos restos destroçados de seu sarcófago, há poucos sinais de que o ser chamado de Xerath já foi um homem. Sua presença é fria e sem emoção, sem nada que possa ser lido na máscara de ferro que pode-se chamar de seu rosto.
Ele não pausa para observar o corredor em torno dele. Xerath se aproxima das portas massivas da Câmara da Reflexão e, com um movimento de seu braço, elas se abrem perante ele.
REFLEXÃO
As portas mal haviam se fechado atrás de Xerath quando uma tempestade de areia obscureceu sua visão. Ventos violentos e cortantes o rodearam, e ele percebeu, para seu horror, que eles desfaziam sua silhueta. Os pedaços destroçados de seu sarcófago se desfizeram em tufos de areia. Pior, Xerath podia sentir-se ficando mais fraco. Conforme sua prisão desaparecia na tempestade, a energia arcana que constituía seu corpo sumia com ela, substituída por carne e osso.
As areias do tempo haviam se voltado contra ele. Ele era humano novamente.
A seu redor, a tempestade tomou forma na escuridão. Ele reconheceu as paredes de arenito e as estátuas que se elevavam do chão até o teto. As majestosas figuras seguravam cetros contra seus peitos, e seus olhos, folheados a ouro, eternamente observavam aqueles que passavam abaixo deles. Ele estava no Templo do Falcão, onde todos os magos de Shurima praticavam sua arte.
Os colegas de juventude de Xerath treinavam sob seus ancestrais Magi. Eles moldavam fogo e gelo e magias retorcidas em espadas, refinando o arcano e transformando-o em armas. Assim era a missão dos magos: os maiores mestres da magia seriam vitoriosos sobre os inimigos conquistados de Shurima.
Xertah esperou silenciosamente próximo à parede do templo, cativado pela luz dos feitiços. Nada matava sua sede de conhecimento mais do que o arcano puro. Seu fraco brilho o chamava, e em sua profundeza ele sabia que existiam milhares de segredos.
"Por que não se junta a eles, Xerath?"
A voz tirou-lhe o foco. Tabia, uma de suas colegas magas, estava a seu lado. Sua aparição repentina e seu sorriso fizeram com que ele tropeçasse em suas palavras por um instante. "Ah... bem... temos nossas diferenças."
"Você é um mago de Shurima," disse Tabia. Ela se aproximou dele. "Nós temos o mesmo caminho. De que diferenças você fala?"
"O jeito como trançam sua magia," ele respondeu, direcionando o olhar novamente aos outros magos.
"Eles fazem armas com ela, mas não entendem. Quanto mais você força o controle sobre ela, mais você perde sua verdadeira ligação com o arcano."
"Magia é caótica. Você conhece as aulas. Sem a mão de um mago para guiá-lo, podemos apenas torcer para poder controlar o que o arcano destrói e o que não."
"Sim, mas se é poder puro que queremos..." Xerath curvou a palma da mão. Nas dobras de seus dedos finos, uma faísca trouxe uma à vida uma chama azul-violeta. Ele sabia que podia moldá-la como quisesse, mas apenas a deixou queimar.
Por si só, sem o menor incentivo, a chama cresceu. Em pouco tempo, queimava ferozmente em sua mão, seu poder bruto fluindo por dele e aquecendo seu interior.
"Só o que precisa é de um hospedeiro," disse ele.
Ele desviou o olhar da chama e viu Tabia olhando para ele, não sua magia. Ela sorriu novamente, e sua beleza fez a mente dele desviar do arcano. Entre eles, a chama ficou mais forte...
...e então a realidade a seu redor ficou turva.
O templo escureceu e o rosto de Tabia desapareceu de sua vista. Por um momento, ele lembrou-se do truque dos invocadores e do Instituto da Guerra, mas a dor lhe trouxe de volta a outra lembrança.
Poder puro e sem limites o fazia arder em chamas, de dentro para fora. Profundamente, em seu âmago, ele sentiu uma agonia causticante onde o fogo ardia demasiadamente quente, ameaçando queimar até a superfície, consumir e destrui-lo.
O arcano precisava de um hospedeiro... mas sua frágil forma humana não era o suficiente.
O rosto de Xerath se contorceu. "Não vou permitir que este corpo mortal me impeça." Ele estendeu a mão. Fogo arcano saltou das pontas de seus dedos, estalando com poder e formando runas brevemente suspensas no ar.
A magia branca, fervente e ofuscante rapidamente cresceu e se tornou um vento tumultuoso à sua volta. Uma estátua ancestral se partiu, os pedaços quebrando ao chão e estremecendo as fundações do templo. Ele precisou de toda sua força e determinação para suportar o feitiço. Mesmo assim, o feitiço se expandiu e intensificou, ameaçando libertar-se.
Mas uma voz se sobrepôs ao caos. "Xerath! Pare!"
Tabia.
O controle de Xerath sobre o ritual fraquejou quando ele se virou em direção à voz. Ela estava próxima aos pés de um ancestral Magi, seus cabelos escuros contrastando com seu rosto pálido e belo.
"Você não deve fazer isso," ela gritou, seus olhos ardendo destemidamente. "Isso vai consumir você. Já está o matando, e você só ajudaria a terminar o serviço mais rápido!"
"Tabia," Xerath implorou, sua voz rouca e trêmula. "Por favor, você não entende..."
A espiral arcana se retorceu e pulsou como uma tempestade sobre eles. Xerath a sentiu escapar ainda mais de seu controle.
"Você não precisa disso," ela disse, sua voz também implorando. "Pare agora, e você pode se curar. Você pode ter vida de novo. Eu posso ajudar," ela pausou. "Volte pra casa."
A determinação de Xerath fraquejou. Talvez ela estivesse certa. Ele se imaginou em casa, longe dos Magi e do arcano para sempre, e de toda a dor que haviam lhe causado. A forma como lhe tinham corroído por dentro, tudo acabaria. Talvez...
Tabia disse algo, mas Xerath não pôde ouvi-la. A estátua sobre ela estremeceu e começou a entrar em colapso.
"Tabia! NÃO!"
Com o som do grito de Tabia, o restante das estátuas e paredes do Templo começaram a ruir com a força do feitiço de Xerath. Ele tinha perdido o controle. No centro do feitiço, ele cobriu o rosto com as mãos, gritando o nome de Tabia em agonia. Sua breve visão de casa e da fuga do arcano se perdera assim que ele encontrara a força para tentar alcançá-la.
Era tarde demais para parar o feitiço. Ele o consumiria, também, e ele estremeceu, aterrorizado pela ideia. Todos seus esforços por nada... tudo pelo que ele trabalhara, perdido.
A não ser que ele terminasse o ritual.
Ele hesitou. Parte dele queria aceitar a morte, mas uma parte maior ainda lembrava do que ele havia decidido fazer–tornar-se algo maior. Transcender o corpo mortal que limitava os outros magos.
Não lhe restava mais nada além disso. Mesmo com seu corpo dolorido de fraqueza, Xerath se recompôs.
Serei eterno... ou morrerei.
Ele ergueu os braços e a massa de magia se contorcendo sobre ele novamente tomou alguma forma, mas mesmo assim expandia, destruindo o restante das estátuas Magi e as paredes do templo. Xerath puxou o feitiço para dentro de si com toda a força que tinha, bloqueando o que podia ver do templo ruindo em torno dele.
Por um momento, no caos arcano, ele pôde ver uma reflexão de si mesmo: um homem pálido, emaciado, envelhecido muito além de sua idade.
Enquanto o feitiço o engolia, os olhos de Xerath se enchiam de medo. Pouco a pouco, ele viu a si mesmo ser destroçado.
Em um instante, o caos se acalmou. Xerath estava de volta à Câmara da Reflexão, e um invocador encapuzado estava diante dele.
"Todo esse poder," disse o invocador, "E agora você é um prisioneiro."
"Uma inconveniência," respondeu Xerath, sua voz ecoando pela câmara.
"E ainda assim não é o que você esperava quando tomou o controle daquele feitiço. Você tem arrependimentos, Magus?"
"Não."
A expressão do invocador mostrou irritação. "Você sacrificou a si mesmo, seu povo, e a mulher que amava... tudo por poder. Poder que não pode mais alcançar."
"Como eu disse," continuou Xerath, "Uma inconveniência. Serei livre."
"Por que você quer entrar para a Liga, Xerath?"
Face à pergunta, Xerath fez uma pausa. "O fardo de minha prisão existiu porque os magos de Shurima não puderam compreender o que eu buscava. Não permitirei que meus objetivos sejam mal entendidos novamente. Considere meu trabalho com sua Liga, invocador, uma demonstração de boa fé."
O invocador fitou-o em silêncio por um momento antes de assentir brevemente com a cabeça. "Muito bem. Como se sente, expondo sua mente?"
Xerath deu de costas. "Não sou mais o aluno ingênuo que você expôs," ele disse, "Minha vida anterior não significa nada."
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
terça-feira, 18 de outubro de 2016
A Jinx dança igual o Jake de Hora da Aventura
Não é novidade que a Riot Games se inspira em danças consagradas da cultura pop para criar a dança dos campeões. A dança da atiradora Jinx foi inspirada no cachorro de Finn, o Jake de “Hora da Aventura”.
A Skin Jaximus tem uma linda história por trás
Em homenagem a memória de um paciente da fundação “Make-A-Wish” que visitou a Riot Games, o Jax ocasionalmente fala “Essa é pra você garoto”.
Jax era o seu campeão favorito, então a Riot usou a skin Jaximus para arrecadar dinheiro para a fundação “Make-A-Wish”. Essa fundação realiza o desejo de crianças que estão com condições médicas em risco de vida.
Zyra, Cassiopeia, Fiora, Shyvan e Elise compartilham a mesma voz
Em inglês, esses cinco personagens tem a mesma dubladora de voz, Karen Strassman. Se você acha que ela soa familiar, é porque ela também ja trabalhou em alguns animes icônicos, como Gurren Lagann, Samurai Champloo e Code Geass.
Aatrox foi inspirado em personagens de O Senhor Dos Anéis
Miky Laygo, um animador sênior de League of Legends declarou que as animações do Aatrox foram inspiradas em Balrog e Sauron.
Curiosamente, Laygo já chegou a trabalhar nos jogos de O Senhor dos Anéis
A Nidalee é muito parecida com Nävis de “Wake”
Embora não tenha sido confirmado oficialmente pela Riot, a caçadora bestial, Nidalee, pode ter sido baseada na personagem Nävos da série ilustrada Wake.
Nävis também é uma habitante da floresta, que coincidentemente tem um companheiro “tigreso”.
A habilidade ultimate da Tristana é uma homenagem a Mega Man
“Mega Buster” é o nome da arma do Mega Man, e foi uma das inspirações para o ultimate da Tristana, que em inglês se chama “Buster Shot”.
O nome de Zilean é uma homenagem a um rioter
Zilean, o Guardião do Tempo, foi nomeado em homenagem a Tom “Zileas” Cadwell, um diretor de design da Riot Games. Ele já teve uma carreira impressionante, com um diploma de graduação em ciências da computação no MIT, e é creditado pela Blizzard em Warcraft III The Frozen Throne e Wow.
História Arquivada - Julgamento: Vayne
Candidata: Vayne
Data: 6 de Maio, 21 CLE
OBSERVAÇÃO
Ela não precisa se abaixar para examinar a estrada. O rastro da bruxa é óbvio, mesmo sob a luz do luar. Aquela última flecha de prata tinha atingido o alvo, a julgar pelo sangue. A presa está mais lenta.
O rastro a faz passar por uma taverna. Apesar de alguns dos clientes olharem cautelosos enquanto ela passa, a comoção vai cobrir qualquer som indesejável. Ela espera que nenhum deles tenha o bom senso de chamar os condestáveis antes de ela terminar.
O brilho ao final do beco revela sua presa. A bruxa está tentando usar hemomancia para fechar suas feridas. Ao que parece, mais de uma das flechas prateadas a atingiram. Porém, a bruxa agora a vê, e a magia muda. Gotas de sangue voam em sua direção como uma nuvem de lâminas, mas ela rola sem esforço em direção a um barril e para fora do perigo. Sua besta está erguida antes mesmo de ela tocar o chão, e ela atira. A flecha voa certeira, empalando a mão canalizadora da bruxa e interrompendo suas vis magias.
"Haley Manner, você se entregou à prática das artes negras. Você deliberadamente feriu aos outros. Você está condenada."
Ela não espera que a bruxa responda com mentiras. Ela saca a enorme besta sobre seu ombro e lança seu enorme projétil. Ele acerta a bruxa com tamanha força que ela é carregada para trás em direção à parede da taverna, empalando-a ali, flácida e em silêncio, finalmente.
Ela já pode ouvir os chamados aos condestáveis. Mesmo ela sendo uma agente da justiça – muitos diriam vingança – as atividades de Vayne não são sancionadas pela lei demaciana. Agilmente, ela salta, agarra um peitoril, e gira o corpo, subindo ao topo do edifício. Saltando de telhado em telhado, ela desaparece por entre a escuridão.
Assim faz a Caçadora Noturna.
REFLEXÃO
Os invocadores a fitavam desconfortavelmente. Afinal, poucos campeões em potencial já invadiram um dos santuários no interior do Instituto da Guerra, assustaram invocadores poderosos, e simplesmente exigiram que lhes permitissem entrada na Liga das Lendas. Felizmente, a reputação de Vayne não lhes é estranha, então não houve necessidade de violência.
A sala em que ela agora sentava estava vazia – nada além de uma fogueira com algumas cadeiras. Vayne reflexivamente ajustou a besta em seu braço. "Quando começamos?" indagou.
O invocador que parecia estar a cargo do processo se virou contra o fogo. Ele era um homem se aproximando da meia-idade, envelhecendo graciosamente, com autoridade serena vinda do verdadeiro poder. "Em alguns momentos. Primeiro, quero perguntar como você conseguiu passar por nossas defesas e ganhar acesso às câmaras mais profundas do Instituto."
"Do mesmo modo como sei que você é o Invocador Sênior Ezekiel Montrose e que a mulher a seu lado é a Invocadora Lessa Carin. Do mesmo modo como sei que você toma chá de roseira todos os dias, o caminho que faz para ir para casa, e que você dorme em uma cama bastante desconfortável. Sou a Caçadora Noturna. Agora ande logo. Já me submeti à sua autoridade."
Após um momento de silêncio atordoado, o Invocador Sênior Montrose finalmente falou. "Já que você não se importa com amenidades..."
Em um instante, era como se o mundo tivesse explodido. Então, tão rapidamente quanto se dividiu, estava novamente unido. Entretanto, era há muitos anos atrás, quando Vayne era apenas uma menina. Ela estava de novo na cristaleira.
"Saia, garotinha. Saia, ou vou fazer com a mamãe o que já fiz com o papai." A velha ergueu sua mãe acima do chão da cozinha enluarada, os membros da pobre mulher esticados de forma dolorosa e impotente. Sangue lentamente pingou dela, escorrendo de uma centena de cortes impossivelmente pequenos.
A jovem Shauna Vayne estava aterrorizada demais para se mover. Ali estava, presa, gélida, e obrigada a observar através de uma fenda na porta da cristaleira enquanto a diabólica bruxa brutalmente torturava a mulher que ela amava mais do que qualquer outra.
"Lhe darei uma última chance de sair, mocinha." Para frisar, a velha fez um gesto místico que fez com que sua mãe gritasse em agonia.
Mesmo se quisesse, Shauna não podia sequer gritar. A mão do medo, como um torno, a impedia.
A velha gargalhou, o horrível som ecoando pelas paredes. "Você é uma péssima filha, menina, fazendo sua mãe morrer assim."
Com cada berro mais horripilante de dor e sofrimento que vinha de sua mãe, algo quente e brilhante em Vayne morria. Porém, em seu túmulo foram plantadas as primeiras sementes de um ódio ardente, impiedoso, e infinito...
Desorientação, um vulto da realidade, e ela estava de volta ao Instituto da Guerra. O Invocador Sênior Montrose fez o que pôde para manter a compostura, enquanto que toda a cor havia sumido do rosto da Invocadora Carin. Ele quebrou rapidamente o silêncio. "Sinto muito por sua perda."
Vayne andou vários e exatos passos em sua direção. "Fique fora da minha mente, Invocador," ela disse em um tom surpreendentemente neutro. "Você não vai gostar do que vai encontrar nas sombras."
"Precisamos," respondeu a Invocadora Carin, cujo diminuto corpo carregava grande força interior. "É como são os Julgamentos. Como se sente, expondo sua mente?"
Porém, o Invocador Sênior Montrose ergueu sua mão para impedi-la. "Acho que a resposta a isso é óbvia, Lessa. Shauna Vayne, permita-me uma simples pergunta. Por que quer lutar na Liga das Lendas?"
"Para conhecer meus inimigos. Apesar de suas magias mantê-los vivos mesmo derrotados, aprenderei mais caçando esses campeões que são abomináveis do que aprenderia caçando seus inferiores no mundo."
O Invocador Sênior Montrose a considerou por um momento. "Você será parte da Liga das Lendas, Caçadora Noturna. Porém, não deve violar nossa confiança nunca mais. Entendidos?"
Vayne apenas assentiu com a cabeça. Com isso, ela se virou e saiu da sala. A Invocadora Carin, confusa por um momento, saiu logo atrás.
Uma voz emergiu das sombras. "Não confio nela. Sua mente não é um livro aberto. Ela nos mostrará apenas o que quer que vejamos." Surgindo, como se parte da escuridão em torno dele, apareceu o Invocador Sênior Sander Grieve.
"Sim," respondeu Montrose. "Mas prefiro tê-la aqui, onde podemos observá-la."
Grieve suspirou. "Isso vai acabar mal. Marque o que eu digo."
Montrose direcionou um olhar penetrante a Grieve. "Acabar mal para quem?"
História Arquivada - Julgamento: Urgot
Candidato: Urgot
Data: 24 de Agosto, 20 CLE
OBSERVAÇÃO
Urgot se arrasta pelo grande saguão do Instituto da Guerra, suas pernas como as de aranhas carregando seu corpo inchado e bulboso em direção a seu objetivo final. O raspar do metal no mármore e o estalar abafado de energia marcam sua passagem enquanto ele se move com agilidade enganosa. Seu semblante horrível e sem emoção contradiz a convicção em seu olhar.
De seu braço direito pende uma lâmina sinistra, começando onde a mão deveria estar. Seu braço esquerdo termina em um canhão, um substituto similarmente pobre para a extremidade. Ele range e para ante a um par de suntuosas portas de mármore. Ele ergue uma de suas pernas segmentadas metálicas, estendendo-a para lidar com o portal que o bloqueia, abrindo-o facilmente ao tocá-lo. Sua pele cheia de cicatrizes, remendada – empalidecida pelo brilho sinistro do motor tecmatúrgico que o sustenta – cintila com gotas de suor enquanto ele se desloca para dentro.
REFLEXÃO
A escuridão em volta dele se tornou pesada e familiar. Ele podia sentir o orvalho em seu couro cabeludo e uma brisa tensa passou por ele. Seu corpo inteiro tremia, mas não havia medo nele. Só a antecipação pelo que estava por vir. Urgot fechou os dedos em torno do punho de seu machado. Seus dedos! Ele ergueu uma mão em frente a seu rosto. Enquanto seus olhos se ajustavam à escuridão, ele olhava incrédulo para a visão de seus dedos, intocados. Logo atrás deles ele reconheceu o rosto austero de Sion, seu comandante, um apito preso entre seus lábios.
Um relâmpago arqueou e iluminou o céu, seu brilho revelando um vulto distante. Trovão se seguiu alguns segundos depois. Será? Ele estaria aqui, agora?
O chiado agudo do apito de seu comandante o arrancou de suas contemplações. Quase involuntariamente, ele saiu em disparada, correndo direto em direção a seu adversário distante.
“Penetras!” ele ouviu alguém gritar. “Homens, em formação!”
À frente, ele podia ver os soldados entrando em formação, uma muralha de escudos demacianos esperando o ataque. Algo estava errado. Haviam muitos deles.
Sem interromper o passo, ele trouxe seu machado à sua frente, rachando ao meio o escudo do primeiro inimigo e o jogando para trás. Urgot avançou – alheio ao perigo – balançando a arma em arcos amplos para alargar o buraco nas defesas inimigas. Os sons do combate encheram o ar e o caos explodiu em torno dele. Por um instante, os demacianos vacilaram, adiando o que estava por vir.
Uma ferida fresca fez com que sangue vazasse em seus olhos, e ele o borrou com a mão enquanto passava pelo caos. Outro raio revelou um vulto encouraçado, resoluto, na linha de fundo da vanguarda, que gritava ordens enquanto se firmava em um carvalho antigo. Urgot se moveu novamente, seu machado abrindo caminho.
Ele golpeou seu caminho até a linha de fundo das forças inimigas, os gritos de seus companheiros dando urgência a seu ataque. A moral dos demacianos estava aumentando. Seus companheiros estavam sendo dominados. Ele avançou para interceptar o comandante inimigo, machado segurado no alto, enquanto ele se movia para voltar ao combate.
Seu oponente correu para o lado e a lâmina do machado acertou firme o tronco da árvore. Urgot puxou desesperadamente, lutando para libertar a arma teimosa. Mas era tarde demais. Houve um clarão prateado, e tudo ficou silencioso. Sua visão se embaçou e ele tropeçou para trás, braços estendidos para a frente. As extremidades destruídas – acabando logo abaixo do pulso – queimavam em agonia quente e branca enquanto jorravam uma corrente sanguinolenta.
“Você se lembra, Urgot?” perguntou uma voz familiar. Urgot se virou para a voz que o abordava. A carnificina em torno dele havia sumido, e era dia agora. Ele estava em uma clareira no bosque. Ele podia ouvir os pássaros chiando na brisa matinal. Garen, o Poder de Demacia, estava a alguns passos de distância, limpando ociosamente o sangue de sua espada.
“Eu me lembro, demaciano,” coaxou o guerreiro mutilado, estoicamente, “eu me lembro do que você fez comigo.”
Um sorriso maléfico se formou nos cantos dos lábios de Garen. “Ainda não acabou,” ele zombou.
Num piscar de olhos ele se foi, substituído por uma multidão vibrante de guerreiros noxianos. O braço direito mutilado de Urgot agora acabava em uma lâmina de aparência selvagem, um presente de um cirurgião de campo. Ele olhou para baixo. A seus pés, amarrado e jogado na sujeira, estava um jovem belo, de cabelos escuros. Jarvan IV, príncipe de Demacia, o fitava, seus penetrantes olhos castanhos fixos no carrasco, sem medo. Apesar de derrotado, o ar de orgulho e dignidade nele não podia ser suavizado.
Urgot vestia um sorriso de satisfação enquanto levantava o braço para dar o golpe fatal. Uma flecha o atingiu no peito, parando seu ataque. Ele arquejou de dor, olhando para cima a tempo de ver brevemente aquele mesmo vulto se aproximando dele com velocidade incomum, arma erguida de forma ameaçadora.
Ele caiu à terra, uma poça tépida se espalhando rapidamente sob ele com cada batida lenta, ensurdecedora de seu coração. Ele quis gritar, mas não encontrou o fôlego. Não podia ser o fim! Não assim! Essa era a sua vez. Não assim! A escuridão se fechou em torno dele, deixando-o sozinho com seu assassino.
“Por que você quer entrar para a Liga, Urgot?” perguntou Garen, se apoiando em sua espada.
Os arquejos custosos de Urgot cessaram. Ele estava inteiro novamente, suas pernas metálicas rangendo enquanto ele estremecia de raiva. Energia necromântica corria por sua espinha metálica. “Vingança!” ele rugiu, olhos acesos de ódio.
Garen assentiu com a cabeça, dando um passo à frente. “Como se sente, expondo sua mente?”
Em resposta, Urgot ergueu sua poderosa lâmina sobre sua cabeça e a lançou furioso sobre a imagem de seu nêmesis. Ele encontrou apenas ar e o fantasma se dissolveu na escuridão. As grandes portas à frente dele se abriram. A Liga estava à espera.
História Arquivada - Julgamento: Talon
Candidato: Talon
Data: 23 de Agosto, 21 CLE
OBSERVAÇÃO
Talon adentra o Grande Salão com ansiedade cautelosa, seu olhar firme à sua frente. Os desavisados talvez o considerem descuidado, mas a seus observadores perspicazes é evidente que Talon está infinitamente ciente de cada detalhe de seus arredores.
Apesar de seu foco afiado, a mente de Talon não está ali. Ele se apressa em direção às portas duplas massivas ao final do saguão e as observa impassivamente. Seu propósito está muito além da Câmara da Reflexão. O que está dentro dela é uma distração necessária, mas não chega a ser um obstáculo. Lâmina em mãos, ele entra sem pausa.
REFLEXÃO
Talon estava no chão, seu rosto contra as rachaduras cheias de sujeira entre os paralelepípedos negros. O mundo entrou em foco em torno dele um pedaço de cada vez – primeiro o fedor do esgoto, depois os gritos abafados de “pare, ladrão”, e por fim as paredes do beco sem saída, suas quinas repletas de podridão fétida.
Ele não precisava de mais nada para identificar sua localização. Ele conhecia este beco – e as favelas de Noxus – muito bem.
Talon se virou sobre suas mãos e joelhos. Seus braços e pernas, desengonçados e escurecidos de sujeira, ardiam e sangravam de arranhões recentes. Os gritos se aproximavam, vindo em direção a ele. “Encontrem aquele menino!”
Talon observou seus arredores, suprimindo seu pânico. Seus olhos encontraram o que parecia ser uma tábua de madeira apodrecida, parcialmente coberta de lixo e sujeira, no canto escurecido do beco. Com a pouca rapidez que conseguia, Talon fugiu em direção a ela, agarrando a tábua podre e a puxando de lado. Sob ela, uma pequena abertura levava ao inferior da parede do beco e para as profundezas escuras. Em um movimento ágil e doloroso, Talon se torceu para cair pra dentro da abertura e deslizou a tábua de volta ao lugar.
Ele pressionou as costas contra uma parede suja e lamacenta enquanto os sons emudecidos da confusão vinham do lado de fora de seu esconderijo. Ele permaneceu absolutamente quieto até seus perseguidores dispersarem, seus passos indo embora e seus resmungos se esvaindo.
Talon tentou recobrar a respiração. O ar úmido que ele puxava para seus pulmões fedia a ratos e esgoto. Conforme o surto de adrenalina o deixava, ele sentiu a fraca dor da fome e, mais forte, raiva.
“Onde o Kavyn estava,” ele resmungou para si mesmo, olhando para a escuridão.
O plano era simples. Seu alvo era um vendedor de frutas cujo carrinho ficava no limite do mercado. Kavyn daria o sinal e, enquanto Talon levava o que podia, Kavyn criaria uma distração para que ele pudesse escapar. Ele tinha visto o sinal, mas momentos depois, enquanto enchia sua sacola com frutinhas de Kumungu, ele chamou a atenção de metade do mercado. E pior, ele perdera a sacola em sua fuga frenética pela favela.
Não tendo ganha nada além de um estômago doendo brutalmente de fome, Talon fervia de amargura.
Talon se virou e começou a engatinhar passagem abaixo. Pouco depois, seus dedos e joelhos se cobriram de lama e o chão abaixo dele se tornou molhado e frio – ele alcançara o antigo cano em desuso que levava às câmaras subterrâneas de Noxus, a maioria delas conectada à rede de esgoto.
Não é a primeira vez que o Kavyn faz isso, pensou Talon enquanto a passagem se inclinava pra baixo. Com a dor em seu estômago e a fraqueza em seus membros, ele não podia evitar lembrar das vezes em que teve sucesso sozinho, se virando sem depender de mais ninguém.
Finalmente, o cano se abriu sobre uma pequena câmara, seu espaço cheio de móveis improvisados e lixo. Ao longe, abaixo do canto oeste da câmara, onde uma queda livre tomava o lugar de uma parede, um rio fétido carregava o esgoto Noxiano para fora da cidade. Talon se retorceu no espaço apertado do cano e pulou pra baixo.
“Você voltou!”
Talon se virou. Kavyn estava em pé contra a parede abaixo da boca do cano, acendendo um fósforo. A chama cintilante revelou um garoto não muito mais velho que o próprio Talon e tão desarrumado e sujo quanto, seu cabelo castanho bagunçado e emaranhado em sua cabeça.
“Onde você estava?” rosnou Talon.
“Não importa,” Kavyn jogou o fósforo aceso em uma pequena pilha de lixo atrás dele, que instantaneamente pegou fogo e lançou uma luz tremeluzente na câmara. “Você conseguiu alguma coisa?”
“Uma sacola de frutinhas de Kumungu,” a voz de Talon era fria. “Eu deixei cair – enquanto corria.”
Ele viu um resquício de desconforto na expressão de Kavyn, e seus olhos se voltaram para uma pequena e quase vazia caixa em um canto da câmara, onde eles costumavam guardar sua comida roubada. “Ah.”
“Onde você estava?”
O outro garoto levantou as mãos. “Só espera,” ele disse. “Eu tenho uma coisa.” Kavyn puxou seu cinto de couro esfarrapado, revelando duas bainhas que Talon nunca tinha visto antes. De dentro delas, Kavyn tirou um par de adagas curtas. Suas lâminas brilhavam como ouro à luz do fogo, e os olhos de Talon se abriram mais.
“Escuta,” disse Kavyn, desviando o olhar cobiçoso de Talon. “Podemos vendê-las. Não importa se você perdeu a comida.”
Talon se ouriçou, mas o comentário lhe incomodou bem menos do que deveria. Ele olhou de volta para as adagas, que Kavyn segurava planas em suas palmas como se fossem abri-lo se ele mexesse um dedo.
“Eu roubei de um bêbado perto da taverna do mercado,” Kavyn explicou. “Foi lá que eu fui. Eu pensei – bom, vamos ter o que comer por uns dias com elas, né? E...”
Ele continuou a se explicar, mas Talon não o ouvia mais. Ele estendeu uma mão em direção a uma das lâminas. Enquanto a segurava, Talon tornou-se imediatamente ciente de sua qualidade ruim, seu peso desequilibrado, das farpas em seu punho. Mal servia para cortar carne, muito menos usar em combate. A lâmina tinha três fendas gastas e Talon gentilmente passou o dedo sobre elas, o suficiente para sentir sua afiação – um, dois, três. Ele estava possuído pela sensação dela em sua mão. A lâmina lhe fortalecia.
Kavyn tinha parado de falar e se virou para tirar as batatas restantes da caixa. Eu quase fui pego por causa deste garoto tolo, pensou Talon, o fogo amargo e cheio de ódio aceso novamente dentro dele. Ele sabia que teria inevitavelmente sido morto, pois assim era em Noxus.
Talon passou os dedos pelas fendas da lâmina novamente. Assim era em Noxus... ele ouvira isso antes, em sussurros nas ruas. Os mais fortes encontram o caminho pra fora da sarjeta. Armas eram coisas cobiçadas, armas – mesmo um simples par de adagas – eram a chave da sobrevivência. Outro sussurro, um que ele ouvira muitas e muitas vezes, ecoou em sua mente: Os fortes dependem só deles mesmos.
Talon segurou a lâmina em seu punho e correu para a frente, estendendo a mão para colocar a adaga contra a garganta de Kavyn...
...mas o garoto se virou e agarrou o pulso de Talon, bloqueando seu ataque. Talon ficou ali em choque. Isso está errado, pensou. Ele lembrava do sangue em suas mãos, lembrava de jogar o corpo no esgoto – o primeiro de muitos.
Kavyn falou, mas a voz não era dele: “Por que você quer entrar para a Liga, Talon?”
“Pelo General du Couteau,” disse Talon. A câmara do esgoto começou a se esvair em escuridão em torno dele. Talon sentiu o peso de seu manto laminado voltando sobre seus ombros, a ilusão se desfazendo. “Minha busca me trouxe aqui.”
“Você luta por si,” disse o invocador imitando a forma de Kavyn. “Você não tem aliados. Você mata para sobreviver, e ainda assim segue aos pés desse general desaparecido como um cachorro numa coleira. Por quê?”
Talon tentou desvencilhar seu braço, mas se viu paralisado não só pela força física do invocador, mas por alguma espécie de intervenção mágica. “Estou em dívida com ele. O general poupou minha vida...”
“Sua dívida não está paga? Depois de derramar o sangue do garoto chamado Kavyn, você jurou lealdade a ninguém. Você matou sem remorso, e apesar de matar para du Couteau até o dia em que ele desapareceu, você agora pode ter liberdade se a quiser. Por que quer entrar para a Liga, Talon?”
“Você não entendeu,” chiou Talon. “Nas favelas de Noxus eu matava para sobreviver. Eu matava em nome de du Couteau, mas minha vida era minha. Agora – não sou nada, e ainda assim tenho minhas lâminas. Que outro propósito minhas lâminas podem servir?”
“Como se sente, expondo sua mente?”
O invocador o soltou. Talon agarrou seu manto e desapareceu na escuridão, deixando a Câmara da Reflexão em silêncio absoluto. O invocador olhou para os lados, irritado, e congelou quando a lâmina de Talon surgiu em sua garganta.
“Desagradável,” Talon grunhiu em seu ouvido. “Necessário.”
E então ele se foi.
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