quinta-feira, 13 de outubro de 2016
História Arquivada - Julgamento: Brand
Candidato: Brand
Data: 8 de Abril, 21 CLE
OBSERVAÇÃO
A floresta queima, ardendo como a luz do sol. Pode-se ver uma figura solitária em meio à conflagração, regozijando com o calor extremo. Há tanto tempo ele queima, há tanto tempo ele observa o mundo desfazendo em cinzas ante a seu poder.
É êxtase puro.
Ele emerge das chamas. Pode sentir que, perto, além da próxima colina, há vida. As pessoas correm, vendo a fumaça emergir de seu inferno. Breve, eles também receberão seu presente de renovação.
"Pare, em nome do Reino de Demacia!"
Ele se vira. Um homem alto, de armadura, se aproxima. O cavaleiro ergue sua espada, pronto para atacar se necessário. Este homem em breve descobrirá que é necessário.
O homem é acompanhado por uma garota loira. Sua armadura é similar à do homem. Seu bastão lhe diz que ela é algum tipo de maga. Ele decide que ela terá que ser a primeira.
Então, outra presença surge das sombras. Esta veste um manto, seu rosto encoberto pelo capuz. A costura lhe é estranha, mas ele reconhece sua natureza arcana. Ele decide que a garota terá que esperar.
Ele se vira e libera um jato de vingança flamejante em direção à figura encapuzada. Mãos se erguem de dentro do manto em gestos mágicos. Um escudo brilhante bloqueia suas chamas, direcionando-as inofensivamente para o alto.
"Este é meu último aviso. Venha de forma pacífica, ou enfrente sua punição!"
Ele decide que os sons vindos da boca do homem de armadura não contêm agonia causticante o suficiente. Ele se vira e invoca um pilar de chamas para imolar o homem. Novamente, um escudo mágico frustra seus esforços.
E então, escuridão...
REFLEXÃO
Ele acordou. Estava sob uma luz intensa, vinda de cima. O chão era liso, mas ele não conseguia identificar se estava em uma sala ou algum tipo de armadilha mágica. Com isso, sua mente percorreu suas memórias, até um doloroso momento de seu passado.
Eles de alguma forma desenvolveram um método para algemá-lo. Ajoelhados ali, no chão nevado da caverna, os bárbaros de cabelos longos em seu redor entoavam palavras que ele mal entendia. Entretanto, a gaiola gélida colocada ritualisticamente no centro da caverna lhe dizia tudo o que precisava saber sobre seu destino. Ele lutou contra as correntes místicas que o prendiam, sem sucesso. Ele gritou, berrou e rugiu, tentando desconcentrar seus captores, mas também sem sucesso.
Ele podia somente esperar enquanto eles lhe rasgavam o corpo mortal e o prendiam dentro da gaiola. Então, em silêncio, os bárbaros levaram seus pertences e partiram. Ele estava só, e assim permaneceria por mais de mil anos.
Ele gritou, com raiva. Sua mente retornou ao presente, novamente envolta em luz.
"Então você pode ser contido de forma mais permanente."
Ele se virou, imediatamente se movendo em direção ao dono da voz para queimá-lo. Contudo, suas chamas se extinguiram na beirada do círculo de luz. Ele tentou pular em direção à voz, mas uma força o bloqueou. Atirado de volta ao chão, ele espiou à sua frente, numa tentativa de descobrir se seus olhos poderiam penetrar a escuridão.
"Aquele ritual se perdeu há tempos, feiticeiro. Seu poder não pode me conter para sempre."
Uma figura surgiu da escuridão, o mago encapuzado da floresta.
"Nós dois sabemos que isso não é verdade."
Outra vez, sua mente foi deslocada do momento, viajando de volta a um tempo antes dos bárbaros de gelo o aprisionarem. O corpo que ele usava era diferente, um dos simples pastores destas terras de fazenda. Contudo, ele ainda queimava.
O cenário perante a ele pareceria o apocalipse para qualquer observador mortal. Para ele, era uma imagem de beleza absoluta. Os campos tinham sido reduzidos a cinzas escurecidas. As colinas arborizadas agora nada mais eram que tocos e troncos incinerados. Os ossos carbonizados de fazendeiros e animais pontilhavam a paisagem, acompanhados pelos restos encouraçados dos guerreiros que futilmente tentaram impedir sua renovação.
O sentimento dentro dele só podia ser descrito como profunda satisfação.
Novamente, o presente, a luz.
"Você é uma criatura de destruição."
Sabendo que a violência não era mais uma opção, ele sentou-se com as pernas cruzadas na luz e fez com que as chamas que brilhavam em seu corpo queimassem ainda mais intensamente.
"Eu sou uma criatura de fogo eterno. Sou uma criatura que queima o que precisa dar espaço ao que virá depois. Sou uma criatura nascida para renovar o mundo."
O feiticeiro começou a andar em círculos, em torno da gaiola.
"Você e eu teremos muito tempo para conversar nos próximos dias e semanas, então por enquanto vou focar no agora. Não podemos permitir que você ande livremente. Você é claramente perigoso demais para isso. Então, lhe ofereço uma escolha."
Cansado da voz do feiticeiro atrás dele, ele se levantou para acompanhar sua caminhada. O feiticeiro continuou.
"Você tem duas opções. Pode escolher ser retirado do corpo que veste e aprisionado por tempo indeterminado. Ou pode escolher permanecer sob nosso controle e lutar em competições onde suas habilidades serão úteis. Isso é o mais próximo da liberdade que daremos a você. Estes termos não são discutíveis."
Nenhuma das opções agradava a ele.
"Essas competições, feiticeiro. O que são?"
"Você lutaria na Liga das Lendas, combatendo campeões para resolver nossos conflitos no lugar de guerras."
Ele ponderou por um momento, antes de sentar novamente.
"Preciso pensar sobre sua oferta, feiticeiro."
O homem encapuzado sumiu novamente por entre as sombras.
"Não sou feiticeiro. Você se referirá a mim pelo título apropriado. Invocador. Como devo me referir a você?"
"Tenho muitos nomes," ele respondeu. "Mas neste momento, em sua Liga das Lendas, acredito que Brand seja apropriado."
E então ele estava sozinho, tendo espaço para pensar. Entretanto, não havia no que pensar. Uma coleira era muito melhor do que uma eternidade engaiolado.
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