terça-feira, 18 de outubro de 2016

História Arquivada - Julgamento: Vayne











Candidata: Vayne
Data: 6 de Maio, 21 CLE

OBSERVAÇÃO

Ela não precisa se abaixar para examinar a estrada. O rastro da bruxa é óbvio, mesmo sob a luz do luar. Aquela última flecha de prata tinha atingido o alvo, a julgar pelo sangue. A presa está mais lenta.

O rastro a faz passar por uma taverna. Apesar de alguns dos clientes olharem cautelosos enquanto ela passa, a comoção vai cobrir qualquer som indesejável. Ela espera que nenhum deles tenha o bom senso de chamar os condestáveis antes de ela terminar.

O brilho ao final do beco revela sua presa. A bruxa está tentando usar hemomancia para fechar suas feridas. Ao que parece, mais de uma das flechas prateadas a atingiram. Porém, a bruxa agora a vê, e a magia muda. Gotas de sangue voam em sua direção como uma nuvem de lâminas, mas ela rola sem esforço em direção a um barril e para fora do perigo. Sua besta está erguida antes mesmo de ela tocar o chão, e ela atira. A flecha voa certeira, empalando a mão canalizadora da bruxa e interrompendo suas vis magias.

"Haley Manner, você se entregou à prática das artes negras. Você deliberadamente feriu aos outros. Você está condenada."

Ela não espera que a bruxa responda com mentiras. Ela saca a enorme besta sobre seu ombro e lança seu enorme projétil. Ele acerta a bruxa com tamanha força que ela é carregada para trás em direção à parede da taverna, empalando-a ali, flácida e em silêncio, finalmente.

Ela já pode ouvir os chamados aos condestáveis. Mesmo ela sendo uma agente da justiça – muitos diriam vingança – as atividades de Vayne não são sancionadas pela lei demaciana. Agilmente, ela salta, agarra um peitoril, e gira o corpo, subindo ao topo do edifício. Saltando de telhado em telhado, ela desaparece por entre a escuridão.

Assim faz a Caçadora Noturna.

REFLEXÃO

Os invocadores a fitavam desconfortavelmente. Afinal, poucos campeões em potencial já invadiram um dos santuários no interior do Instituto da Guerra, assustaram invocadores poderosos, e simplesmente exigiram que lhes permitissem entrada na Liga das Lendas. Felizmente, a reputação de Vayne não lhes é estranha, então não houve necessidade de violência.

A sala em que ela agora sentava estava vazia – nada além de uma fogueira com algumas cadeiras. Vayne reflexivamente ajustou a besta em seu braço. "Quando começamos?" indagou.

O invocador que parecia estar a cargo do processo se virou contra o fogo. Ele era um homem se aproximando da meia-idade, envelhecendo graciosamente, com autoridade serena vinda do verdadeiro poder. "Em alguns momentos. Primeiro, quero perguntar como você conseguiu passar por nossas defesas e ganhar acesso às câmaras mais profundas do Instituto."

"Do mesmo modo como sei que você é o Invocador Sênior Ezekiel Montrose e que a mulher a seu lado é a Invocadora Lessa Carin. Do mesmo modo como sei que você toma chá de roseira todos os dias, o caminho que faz para ir para casa, e que você dorme em uma cama bastante desconfortável. Sou a Caçadora Noturna. Agora ande logo. Já me submeti à sua autoridade."

Após um momento de silêncio atordoado, o Invocador Sênior Montrose finalmente falou. "Já que você não se importa com amenidades..."

Em um instante, era como se o mundo tivesse explodido. Então, tão rapidamente quanto se dividiu, estava novamente unido. Entretanto, era há muitos anos atrás, quando Vayne era apenas uma menina. Ela estava de novo na cristaleira.

"Saia, garotinha. Saia, ou vou fazer com a mamãe o que já fiz com o papai." A velha ergueu sua mãe acima do chão da cozinha enluarada, os membros da pobre mulher esticados de forma dolorosa e impotente. Sangue lentamente pingou dela, escorrendo de uma centena de cortes impossivelmente pequenos.

A jovem Shauna Vayne estava aterrorizada demais para se mover. Ali estava, presa, gélida, e obrigada a observar através de uma fenda na porta da cristaleira enquanto a diabólica bruxa brutalmente torturava a mulher que ela amava mais do que qualquer outra.

"Lhe darei uma última chance de sair, mocinha." Para frisar, a velha fez um gesto místico que fez com que sua mãe gritasse em agonia.

Mesmo se quisesse, Shauna não podia sequer gritar. A mão do medo, como um torno, a impedia.

A velha gargalhou, o horrível som ecoando pelas paredes. "Você é uma péssima filha, menina, fazendo sua mãe morrer assim."

Com cada berro mais horripilante de dor e sofrimento que vinha de sua mãe, algo quente e brilhante em Vayne morria. Porém, em seu túmulo foram plantadas as primeiras sementes de um ódio ardente, impiedoso, e infinito...

Desorientação, um vulto da realidade, e ela estava de volta ao Instituto da Guerra. O Invocador Sênior Montrose fez o que pôde para manter a compostura, enquanto que toda a cor havia sumido do rosto da Invocadora Carin. Ele quebrou rapidamente o silêncio. "Sinto muito por sua perda."

Vayne andou vários e exatos passos em sua direção. "Fique fora da minha mente, Invocador," ela disse em um tom surpreendentemente neutro. "Você não vai gostar do que vai encontrar nas sombras."

"Precisamos," respondeu a Invocadora Carin, cujo diminuto corpo carregava grande força interior. "É como são os Julgamentos. Como se sente, expondo sua mente?"

Porém, o Invocador Sênior Montrose ergueu sua mão para impedi-la. "Acho que a resposta a isso é óbvia, Lessa. Shauna Vayne, permita-me uma simples pergunta. Por que quer lutar na Liga das Lendas?"

"Para conhecer meus inimigos. Apesar de suas magias mantê-los vivos mesmo derrotados, aprenderei mais caçando esses campeões que são abomináveis do que aprenderia caçando seus inferiores no mundo."

O Invocador Sênior Montrose a considerou por um momento. "Você será parte da Liga das Lendas, Caçadora Noturna. Porém, não deve violar nossa confiança nunca mais. Entendidos?"

Vayne apenas assentiu com a cabeça. Com isso, ela se virou e saiu da sala. A Invocadora Carin, confusa por um momento, saiu logo atrás.

Uma voz emergiu das sombras. "Não confio nela. Sua mente não é um livro aberto. Ela nos mostrará apenas o que quer que vejamos." Surgindo, como se parte da escuridão em torno dele, apareceu o Invocador Sênior Sander Grieve.

"Sim," respondeu Montrose. "Mas prefiro tê-la aqui, onde podemos observá-la."

Grieve suspirou. "Isso vai acabar mal. Marque o que eu digo."

Montrose direcionou um olhar penetrante a Grieve. "Acabar mal para quem?"

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