História Arquivada - Julgamento: SWAIN

Candidato: Swain
Data: 4 de Outubro, 20 CLE

OBSERVAÇÃO

Swain arqueia o pescoço em direção às palavras que pairam sobre as massivas portas duplas. “O verdadeiro oponente está no interior.”

“Que singular.”

A voz de Swain soa surpreendentemente robusta para uma figura aparentemente tão frágil. Seu uniforme – mais robe que vestes militares – está apertado em torno dele, principalmente de seu rosto. Ele tem a postura um tanto corcunda; se apoia numa bengala, mas não demais. Não parece estranho ver um corvo peculiar pousado sobre seu ombro. Talvez seja com ele que Swain está falando.

“Vejamos quem a Liga acredita ser meu verdadeiro oponente – vamos?”

O corvo acena com a cabeça em consentimento.

Swain bate nas portas duplas com destreza usando a ponta de sua bengala. Elas se partem, revelando a escuridão no interior. As panteras gravadas ao longo dos lados da porta apontam para dentro.

Há um leve sorriso em seu rosto enquanto ele entra.

REFLEXÃO

A tinta do armistício entre Noxus e Demacia tinha secado há poucos anos antes do primeiro “incidente” ocorrer entre as poderosas cidades-estado. Era bem no meio daquela missão mal sucedida, no momento da execução, em que Swain agora se encontrava. Ele podia ver a plataforma onde o jovem príncipe estava, de costas, alheio a seus apuros. O arco-hex com flechas envenenadas pesava nas mãos de Swain.

“Estou impressionado. Não esperava que fosse tão real.”

Ele examinou o balcão escurecido com vista para onde a família real demaciana estava. O ar frio da noite era revigorante. Swain respirou, inalando profundamente. “E preciso. Isso é quase intoxicante.”

“O que é, porco?” Uma voz de comando zombava do noxiano. Jarvan IV, o Exemplário de Demacia, Príncipe da mesma, agora estava no balcão. Sua presença reinava sobre Swain. Jarvan não era mais o príncipe ainda criança de treze anos a quem Swain tinha sido enviado para matar. “Como está a perna?”

“Você sabe até disso. Poderoso,” comentou Swain, levando sua bengala ao queixo, “mas que pena, não é poderoso o suficiente para mim, invocador. Já chega.”

Jarvan parecia atordoado, e um tanto confuso.

“Não participo de joguinhos – eu os faço. Ambos estamos cientes do que eu acho que aconteceu durante a missão que você está recriando aqui. Você sabe como eu realmente me sinto sobre minha fraqueza. Você obviamente sabe quem eu sou, já que está tão flagrantemente saqueando minhas memórias.” Swain olhou maliciosamente para Jarvan. “A não ser que eu esteja errado, isso deve satisfazer metade de suas necessidades e pré-requisitos para a entrada de um campeão na Liga.”

“Satisfaz?” perguntou um Jarvan com uma voz que não comandava tanto quanto antes. Sua fisionomia era consideravelmente menos demaciana agora. Ele pausou por um momento, depois assentiu com a cabeça. “Sim, talvez satisfaça. Reconhecemos seu poder, Swain de Noxus.”

O príncipe demaciano não estava mais diante de Swain. Onde ele estivera agora estava uma mulher mais velha, impressionantemente bela, em um robe roxo de invocador. O robe tinha decorações detalhadas, diferente da maioria dos outros robes que Swain já vira antes. A invocadora curvou-se. “Pedimos, entretanto, que você honre a Liga com um reconhecimento formal.”

Swain riu e assentiu com a cabeça. “Alta Conselheira Vessaria Kolminye – estou honrado. Não estava ciente que alguém de sua estatura conduzia os testes pessoalmente. Há alguma possibilidade de eu esperar que você me invoque pessoalmente a uma arena de batalha?” Swain estava nitidamente se divertindo com a conversa.

“Carismático, como sempre, Mestre Estrategista.” A Alta Conselheira sorriu discretamente. “Seu reconhecimento formal, se puder fazer a gentileza.”

Swain fez uma reverência, manuseando sua bengala com um floreio. “Claro. Com todo o respeito.”

O noxiano agarrou-se à bengala para se endireitar. “Você me perguntaria como me sinto, compartilhando minha mente com um invocador. Como pode ver, tenho pouca dificuldade em lidar com tal relacionamento. Apesar de meus segredos serem expostos para o invocador que me chama, eu sei que não seriam usados contra mim pela Liga. Tal violação de confiança vai contra tudo o que a Liga representa... principalmente nesses tempos de tensões exacerbadas, quando a Liga precisa da cooperação de suas clientes, as cidades-estado.”

A Alta Conselheira Kolminye assentiu com a cabeça em aprovação. “Obrigada, e sim – o conhecimento trocado pelo laço é particular entre campeão e invocador. Você não tem o que temer.”

“Nem você.” Swain curvou-se novamente, mantendo os olhos fixos na Alta Conselheira.

Uma pausa tensa foi interrompida pela Alta Conselheira. “Por que quer entrar para a Liga, Jericho Swain?”

Swain avaliou a pergunta. A expressão levemente arrogante que usara durante todo o Julgamento se fora. Ele olhou fixamente para os olhos da Alta Conselheira Kolminye. “Para me tornar o próximo regente de Noxus, claro.” Swain apontou sua bengala para a Alta Conselheira. “A Liga vai me ajudar a conseguir isso.”

“A Liga não escolhe lados arbitrariamente nas questões das cidades-estado de Valoran, nem-”

Swain levou um indicador aos lábios. “Você sabe o que eu quero dizer... não sabe, Vessaria?”

A Alta Conselheira pausou mais uma vez. “Sim, sei. Mas você terá que conquistar a influência da qual precisa. Não virá facilmente.” A Alta Conselheira se permitiu um leve riso. “Principalmente para você.” Seus olhos eram como duas brasas vermelhas, cintilando intensamente. “Mas isso não é tudo, é, Mestre Estrategista?”

Swain assentiu com a cabeça. “De fato não é. Seu Julgamento... é um ritual e tanto. É mais potente do que eu imaginei.” Ele se aproximou do ouvido esquerdo da Alta Conselheira, a um respiro de distância.

A voz de Swain era suave, mas cada palavra pairava no ar enquanto ele falava. “Quero matar Jarvan IV, o 'Exemplário' de Demacia.” Ele sorriu para a Alta Conselheira, ainda próximo de seu ouvido. “E eu vou matá-lo, Vessaria.”

A Alta Conselheira Kolminye olhou nos olhos de Swain uma última vez. Ela ergueu sua mão direita à bochecha dele. “Veremos, Jericho.”

Uma enchente de luz engoliu ambos, e Swain se viu sozinho na câmara. Um novo par de portas duplas estava à sua frente, já aberto. A Liga havia encontrado seu mais novo campeão.