sexta-feira, 14 de outubro de 2016

História Arquivada - Julgamento: Lux












Candidata: Lux
Data: 18 de Outubro, 20 CLE

OBSERVAÇÃO

Lux corre apressadamente pelo corredor, quase explodindo de empolgação. A luz se reflete no cabelo dourado da jovem, emitindo um brilho que quase lhe confere um ar etéreo. Suas roupas coloridas e sorriso desarmador enganariam qualquer desavisado que passasse, mas a facilidade com que ela veste sua armadura de batalha faria qualquer guerreiro veterano suspeitar.

Ela pausa por um momento para observar o cenário, seus olhos inteligentes passando por todo lugar. Um bastão intrincado passa rapidamente por entre seus dedos, demonstrando sua impaciência.

O verdadeiro oponente está no interior.

Um “hmpf” indiferente escapa de seus lábios. Avançando, ela empurra as portas de mármore à sua frente com firmeza. Com um giro sem esforço de seu bastão, seu corpo é envolvido em uma aura brilhante. Ela corre para dentro, intrépida face à completa escuridão que a engole.

REFLEXÃO

Garen, o Poder de Demacia, seu irmão há tempos perdido, estava em sua frente. Seu rosto era rígido, porém gentil, exatamente como ela havia imaginado que ele seria na vida real, tendo apenas o visto nas transmissões das partidas da Liga desde que ele fora levado.

“Por que você quer entrar para a Liga?”

Lux se permitiu um sorriso, tentando não parecer arrogante. Apesar de todos que passaram por um julgamento da Liga serem proibidos de falar sobre o teste, Lux tinha feito pesquisas, e sabia que eles invocavam ilusões para extrair suas respostas. Era uma brincadeira de criança para ela; ela enxergava além disso, e sabia o que eles queriam ouvir.

Ela se endireitou e olhou direto nos olhos da ilusão de seu irmão. “Para lutar pela justiça em nome de Demacia.”

“Qual é a verdadeira razão, Luxanna?”

“Vitória para nossos aliados, derrotar nossos inimigos, e justiça para todos.” Ambas eram citações do Trilho Comedido, o manual que qualquer demaciano de respeito podia recitar de cabeça, mas isso não as tornava menos verdadeiras para seus propósitos.

Seu irmão franziu as sobrancelhas, e essa foi a última coisa que Lux viu antes de uma explosão de luz consumi-los.

Estava acontecendo novamente. Às vezes, a luz se refletia do saguão de vidro da Academia Real Demaciana, lançando uma demonstração encantadora de prismas em todas as direções. A pele de Lux reluzia, como se feita do pó de cristais. Seu ânimo melhorou e ela permitiu que a luz a envolvesse, tornando-a invisível.

Ela ainda não tinha controle sobre a estranha ocorrência, lamentavelmente já que isso ocorria em intervalos aleatórios nos momentos mais inoportunos. Lux correu em direção à sua casa, coração batendo rápido, esperançosa de que a ilusão durasse tempo suficiente para mostrar-lhe seus pais. Havia apenas um resquício de culpa que a atingia por ter saído da escola, mas seu professor a consideraria ausente de qualquer forma.

Lux entrou na residência dos Crownguard. Para sua felicidade, ela ouviu vozes familiares conversando baixo na cozinha. Ela encontrou três oficiais militares em posição de sentido, falando com seus pais. Seu coração pulou e ela recuou até a sala de estar; eles estavam discutindo assuntos importantes, e ela aprendera que não deveria interromper. Ela teria saído da casa, se não tivesse ouvido seu nome naquele terrível momento.

Ela congelou.

“Levar Luxanna é a maior honra que poderiam dar à nossa família. Ela lhes servirá bem, como Garen já o faz.” Uma cadeira se arrastou pelo chão enquanto sua mãe se levantava.

“Você tem certeza, Lilia? Sua filha está na idade em que precisa mais de seus pais, principalmente após levarmos seu irmão mais velho.”

“É tudo em nome do Rei. Vocês lhe proverão a criação de que precisa.” O tom de seu pai era desdenhoso.

“Muito bem. Está feito.”

Lux caiu ao chão, as memórias reprimidas voltando implacáveis à mente. Seus pais lhe contando a novidade. Lux se fechando no quarto. A dor em seus braços quando eles a arrastaram à força de sua casa. Seu cabelo caído em seu rosto enquanto se recusava a olhar para seus pais. A ardência de suas lágrimas enquanto ela chorava na cama todas as noites. As vozes estrondosas gritando para que ela tivesse foco. Seus gritos enquanto amaldiçoava sua família por fazer isso com ela.

E então, sua própria voz ecoando de volta, recitando o Juramento da Justiça juntamente com seus colegas recrutas. O conforto de reler O Trilho Comedido de capa a capa inúmeras vezes. A doutrinação das novas turmas, lideradas pela própria Lux. O orgulho enchendo seu coração enquanto marchava sob a bandeira brilhante de Demacia. As honras em elogio a seu trabalho exemplar. O amor absoluto por seu país.

O ataque de lembranças passou, e ela ficou ali, desmoronada, na escuridão. Ela sabia que a Liga havia saído de sua mente, mas o teste ainda não tinha terminado. Alguém estava em frente a ela, e ela nem precisava olhar para saber quem era.

“Você vai admitir o real motivo de querer entrar para a Liga agora?”

Sua respiração difícil parou em sua garganta tempo o suficiente para que ela sussurrasse, “Porque não tenho mais nada...”

A escuridão se quebrou em torno dela, caindo em pedaços ao chão. Ela entrou em colapso e caiu, soluços fortes estremecendo seu corpo.

Garen permanecia em pé, seu rosto normalmente gentil áspero e ilegível enquanto a ilusão se dissolvia em torno deles. “Você acaba de compartilhar sua mente comigo. Para se tornar uma campeã da Liga, você deve permitir que outros entrem em sua mente, e eles saberão de suas verdadeiras convicções e propósitos melhor do que você própria. Se você está preparada, sabe o que deve fazer.”

Seu irmão se virou e andou pelo corredor que se estendia diante deles até outro conjunto de portas duplas. Ele não parou para lhe dar a mão, nem olhou para trás para ver se ela o seguiria.

Ele não precisava. Lux permanecia no chão, se recompondo. Por um momento, ela considerou chamar por seu irmão ou correr de volta ao Grande Salão, para longe do olhar penetrante da Liga. Este era o primeiro desafio que a assustara, mais ainda do que quando ela fora testada pelos melhores magos de Demacia ou passara sorrateiramente pelos túneis mais profundos de Noxus. Mas ela era uma Crownguard, e sabia que superaria este desafio, do mesmo modo que superara todos os outros desafios em sua vida.

Ela se levantou, segurando o bastão com destreza. Ela provaria que sua dedicação à sua cidade-estado era verdadeira, e que não mentira quando respondeu à pergunta deles pela primeira vez.

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