quinta-feira, 13 de outubro de 2016

História Arquivada - Julgamento: Cassiopeia













Candidata: Cassiopeia
Data: 10 de Dezembro, 20 CLE

OBSERVAÇÃO

Cassiopeia desliza pelo corredor esplendoroso com graciosidade desconfortante, o raspar de escamas em mármore anunciando sua passagem ao caminho vazio. Suas curvas elegantes e postura majestosa se combinam em uma justaposição aterradora com seu corpo de serpente. Os traços primorosos de seu rosto, coroado com o capuz de uma naja, mostram um semblante de determinação arrepiante, enquanto a cauda de uma serpente a carrega rapidamente em direção a seu destino.

Ela pausa por um momento ante a um par de portas duplas grandiosas, cada uma decorada por um relevo de pantera. Acima das portas, entalhado no arco de pedra, está uma inscrição: "O verdadeiro oponente está no interior." Seus olhos se estreitam enquanto ela lê a gravura.

Cassiopeia estende um dedo em forma de garra em direção às portas. Elas se movem facilmente com seu toque, abrindo o caminho para a escuridão. Cassiopeia espia o escuro, hesitante, por um momento, antes de se recompôr e deslizar para dentro.

REFLEXÃO

Ela se viu em seus aposentos na mansão noxiana que chamava de lar. Uma cortina elegante atravessava o centro do cômodo; um véu protegendo contra olhares curiosos. Ali, por entre os bordados, estava a figura inconfundível de seu pai, General Marcus Du Couteau. Ela o olhou saudosamente, admirando-o em tudo, de suas majestosas vestes militares à sua postura perfeita de soldado.

Ele se aproximou, estendendo uma mão em direção à divisória. Houve um momento de pânico. Não impotava quantas vezes ela permitia que sua família próxima a visse, sempre era tomada por ansiedade e repulsa.

"Não me olhe!" lamentou Cassiopeia.

O General parou por um momento. E então sua voz tomou um tom mais severo. "Você é minha filha, Cassiopeia. E você é linda."

"Mentiroso!" ela respondeu, virando-se para o outro lado. Ela podia ouvir o ruído das cortinas conforme ele se aproximava.

"Filha, olhe para mim," ele implorou. Relutante, ela obedeceu, secando suas lágrimas com sua mão, com garras como as de um animal. Ela não falou nada.

"Cassiopeia," ele continuou, dando um passo à frente, "Fui convocado. É algo grave, mas que não posso recusar."

"Leve minha irmã com você. Ela pode mantê-lo seguro," soluçou ela.

Marcus balançou a cabeça, "Katarina não pode voltar. A situação com Ionia ainda não foi resolvida, e seu dever para com a Liga a obriga a ficar."

"Pai, se você não voltar, ficarei sozinha," ela afirmou.

O General estendeu a mão para tocar o rosto de sua filha e ela recuou, dando novamente de costas. A voz dele se tornou fria como o aço. "Você é uma Du Couteau, Cassiopeia. Você serviu a Noxus, e ela cuida de seus filhos. Você nunca ficará sozinha." Ele fez uma pausa. "Um dia, você se lembrará de seu dever."

O General Du Couteau tomou a mão de sua filha e colocou em sua palma uma carta selada, amassando-a levemente. "Caso eu não retorne, Cassiopeia, isto guiará você e Katarina."

Ouvindo seu pai se virar para sair, Cassiopeia entrou em pânico. Ela se virou rapidamente, mas estava sozinha. Ela examinou a carta em sua mão. Estava marcada com uma insígnia de cera que ela não reconhecia, mas o selo já estava rompido. Ela desdobrou a página.

Em tinta vermelha como sangue, alguém havia escrito: "Via Transcendência, Ala de Marfim, 17:00." Abaixo da mensagem estava a carimbada a imagem de uma rosa negra.

O badalar da torre do relógio chamou-lhe a atenção, seguido pelo barulho de uma confusão. A seu redor, a casa repentinamente se tornou caótica. Cada passo e sussurro a enchiam de raiva. Houve uma batida hesitante na porta. Ela já sabia quem esperar.

"Entre!" ela comandou, sua ira superando sua repulsa pela ideia de ser vista. A porta se abriu, revelando um dos guarda-costas de seu pai. Ele entrou devagar, observando intensamente sua silhueta do outro lado das cortinas, seu rosto uma mistura de medo e vergonha.

"Senhora Cassiopeia," ele começou a falar, "Seu pai..."

Ela o interrompeu, "Poupe-me de suas desculpas, tolo! Como aconteceu!"

"Estávamos no mercado," ele gaguejou, "Seu pai escapou."

"E eu ordenei que você fosse a sombra dele, não?" Cassiopeia desdenhou. Ela se aproximou da partição. O soldado baixou os olhos, envergonhado. Ele não respondeu. Cassiopeia enterrou suas garras no tecido pendurado, rasgando-o de seu ancouradouro em um movimento rápido, deixando à mostra seu corpo monstruoso. "Fale, covarde!" comandou ela.

O guarda-costas se afastou horrorizado, pálido com o choque.

"O que foi?" provocou Cassiopeia, levando uma de suas cruéis mãos ao rosto, fingindo surpresa. "Não me acha linda?"

Ela avançou, prendendo suas garras firmemente em torno do pescoço do guarda-costas. Ela ergueu seu corpo imprestável e, repentinamente, um relógio de bolso quebrado caiu de sua roupa. Seus ponteiros pararam exatamente aos quinze minutos após as cinco. "Isto foi só o que encontramos," ele rouquejou.

Ela fixou seu olhar no de sua presa, o corpo dele tremendo enquanto ela o asfixiava. O rosto dele estava pálido como a neve, mas por algum motivo não havia medo em seus olhos. A compreensão então baixou no corpo serpentino de Cassiopeia. Ela riu. "Charlatão," ela murmurou, as palavras carregadas de veneno. "Você me obriga a reviver o momento em que perdi meu pai para seu próprio prazer doentio?"

O rosto do guarda-costas se tornou tão implacável quanto seus olhos. "Por que você quer entrar para a Liga, Cassiopeia?" ele questionou.

"Meu pai está morto," ela respondeu, exaltada, "Um de vocês sabe de alguma coisa. E eu terei justiça."

O soldado assentiu com a cabeça. "Como se sente, expondo sua mente?"

Cassiopeia olhou em seus olhos. "Maldito seja," ela murmurou, sem emoção nenhuma. A figura se dissolveu em suas mãos, deixando apenas a escuridão. As portas da Liga se abriram.

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